Goiás registra mais de 8.400 casos de violência contra a mulher em 2025; apenas 13% foram formalmente denunciados
Levantamento do Ministério dos Direitos Humanos aponta subnotificação preocupante, mesmo com redução nos feminicídios; especialistas alertam para a importância da denúncia e do fortalecimento das redes de apoio

Entre janeiro e julho de 2025, Goiás contabilizou 6.290 denúncias de violência contra a mulher, de acordo com levantamento do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). O número coloca o estado na 10ª posição do ranking nacional, em uma lista liderada por São Paulo (29.448 denúncias), seguido por Minas Gerais (20.088) e Rio de Janeiro (13.291).
Violência doméstica é a principal ocorrência
Dos registros feitos em Goiás, a maioria corresponde à violência doméstica, com 4.172 casos. O levantamento aponta ainda 694 denúncias de violência psicológica, além de relatos envolvendo violência sexual, patrimonial e moral.
Especialistas destacam que, apesar de refletirem uma triste realidade social, os números também revelam maior conscientização das vítimas e confiança nos canais de denúncia, como o Ligue 180 e o Disque 100, ambos de abrangência nacional.
Goiás ainda carece de políticas públicas mais efetivas
Embora o estado esteja entre os dez com mais registros, entidades que atuam no enfrentamento à violência contra a mulher ressaltam que ainda há falhas estruturais em Goiás. A quantidade de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) é considerada insuficiente para atender à demanda, especialmente no interior.
Outro ponto criticado é a falta de rede de acolhimento integrada. Muitas vítimas não têm acesso a abrigos temporários, apoio psicológico ou assistência jurídica, o que faz com que muitas retornem para o convívio com os agressores por falta de alternativas.
Contexto nacional e estrutural
No Brasil, a violência contra a mulher permanece como uma das principais violações de direitos humanos, com raízes na desigualdade de gênero e em estruturas sociais patriarcais. O MDHC alerta que, embora os canais de denúncia estejam mais acessíveis, ainda existe subnotificação: muitos casos não chegam ao conhecimento das autoridades por medo, dependência financeira ou descrença no sistema de proteção.
Caminhos apontados por especialistas
Pesquisadores e entidades da sociedade civil defendem que, para reduzir os índices, é necessário:
- Ampliar a rede de atendimento especializado no estado, com mais DEAMs e abrigos regionais.
- Investir em campanhas permanentes de conscientização, para incentivar denúncias e combater a normalização da violência.
- Oferecer capacitação constante às forças de segurança para lidar de forma adequada com vítimas em situação de vulnerabilidade.
- Fortalecer políticas de inclusão social e autonomia econômica das mulheres, reduzindo a dependência de companheiros agressores.
Canais de denúncia
Vítimas e testemunhas podem registrar ocorrências pelos seguintes meios:
- Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência;
- Disque 100 – denúncias de violações de direitos humanos em geral;
- Delegacias da Mulher (DEAMs) e Polícia Civil;
- Aplicativos e canais digitais disponibilizados pelo MDHC.
A lista completa de serviços de atendimento à mulher em Goiás pode ser consultada no site da Secretaria Estadual de Segurança Pública ou diretamente na página da Deam Online.
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