Fraude milionária na venda de carros de luxo: Polícia desmonta esquema interestadual de estelionato e bloqueia R$ 1 milhão
Organização criminosa operava em ao menos três estados brasileiros, usando métodos eletrônicos sofisticados para aplicar golpes com veículos de alto valor. Polícia investiga também lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial.
A Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (6) uma operação de combate a uma organização criminosa interestadual suspeita de aplicar fraudes eletrônicas envolvendo a venda simulada de veículos de luxo. Batizada de Operação Mensa Ficta, a ação policial resultou no cumprimento de seis mandados de prisão preventiva e outros seis de busca e apreensão, além do bloqueio judicial de R$ 1 milhão em bens e valores dos investigados.
As diligências ocorreram em quatro municípios de três estados distintos: Pires do Rio (GO), Ituiutaba (MG), Joinville (SC) e Chapecó (SC). A operação foi coordenada pelo Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes (GREF), da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC) de Goiás, com apoio das polícias civis de Minas Gerais e Santa Catarina.
Esquema articulado e atuação digital
De acordo com os investigadores, os suspeitos fazem parte de uma rede organizada que utilizava plataformas digitais para oferecer veículos de alto padrão — SUVs, sedãs executivos e esportivos importados — a preços atrativos. As ofertas eram falsificadas com fotos reais e detalhes técnicos compatíveis, o que dava aparência de legitimidade ao anúncio.
As vítimas, geralmente pessoas interessadas em bons negócios por meio da internet, eram convencidas a fazer pagamentos antecipados para reserva ou compra integral do veículo. Após o pagamento, os criminosos encerravam o contato e sumiam com o dinheiro. Em muitos casos, contas bancárias de laranjas ou empresas de fachada eram usadas para o recebimento dos valores.
As investigações apontam que o grupo também operava mecanismos de ocultação de patrimônio, incluindo a aquisição de ativos em nome de terceiros e movimentações financeiras fracionadas — estratégias típicas de lavagem de dinheiro.
Danos financeiros e complexidade da apuração
O delegado responsável pelo caso, cujo nome não foi revelado por razões operacionais, afirma que a soma dos prejuízos causados pelo grupo pode ultrapassar vários milhões de reais. Segundo ele, a estrutura criminosa demonstrava alto grau de organização, com divisões internas de tarefas, incluindo falsificação de documentos, engenharia social, movimentação bancária e ocultação de rastros digitais.
A Polícia Civil informou que os trabalhos de análise de dados, que envolvem perícias cibernéticas e quebras de sigilo bancário e telemático autorizadas pela Justiça, prosseguem. O objetivo é identificar outras vítimas e rastrear a extensão dos recursos financeiros movimentados ilegalmente.
Até a publicação desta reportagem, os nomes dos investigados não haviam sido divulgados. A Polícia Civil ainda não informou se os detidos serão transferidos entre os estados ou se permanecerão sob custódia local. Também não foram localizadas defesas constituídas dos envolvidos.
Crimes investigados
Os suspeitos poderão responder por estelionato qualificado, associação criminosa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro nacional. As penas somadas podem ultrapassar 20 anos de reclusão, além de multas.
A Operação Mensa Ficta, termo em latim que remete à ideia de “mentira construída” ou “falsa narrativa”, simboliza o modo de atuação ardiloso e meticuloso empregado pela associação criminosa para manipular a confiança das vítimas.
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