Atropelamento em Inhumas: motorista de BMW atinge catador com deficiência e foge sem prestar socorro
Homem foi atingido enquanto trabalhava na coleta de recicláveis. Polícia apura se houve excesso de velocidade e omissão de socorro deliberada. Vítima permanece hospitalizada em estado grave.
Um catador de materiais recicláveis com deficiência física foi atropelado por um veículo de luxo na madrugada do último sábado (3), enquanto exercia sua atividade na Avenida 14 de Abril, no bairro Parque São Jorge, em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia. O motorista da BMW, segundo a Polícia Civil de Goiás (PCGO), fugiu do local sem prestar socorro.
A vítima, que realizava a coleta de recicláveis ao lado da esposa, foi socorrida em estado grave e levada ao Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia. Segundo o delegado responsável pela investigação, Miguel Mota, o homem atingido possui deficiência física, o que aumenta a gravidade do caso, já que se encontrava em situação de vulnerabilidade.
De acordo com as investigações, câmeras de monitoramento instaladas em um estabelecimento comercial próximo registraram o momento do impacto. Nas imagens, é possível ver frequentadores de um bar reagindo imediatamente ao barulho do atropelamento. Um dos presentes chega a comentar: “Nossa, atropelou lá, ele vai fugir”. A sequência mostra o veículo deixando o local sem interrupção.
O condutor, cuja identidade não foi divulgada, foi posteriormente identificado e ouvido pela Polícia Civil. Em seu depoimento, ele alegou não ter percebido que havia atropelado uma pessoa, acreditando ter colidido com uma motocicleta. No entanto, a versão é considerada incongruente com a dinâmica registrada pelas câmeras e com o relato de testemunhas.
O delegado Mota confirmou que o motorista não acionou os serviços de emergência e não permaneceu no local, configurando possível omissão de socorro — conduta tipificada como crime no Código Penal Brasileiro. A autoridade policial informou ainda que a investigação irá periciar a velocidade do veículo no momento do atropelamento, além de averiguar se o motorista havia ingerido bebida alcoólica antes do acidente.
A defesa do condutor ainda não se manifestou publicamente sobre o caso. O inquérito segue em andamento e, conforme o andamento das diligências, o motorista poderá responder por lesão corporal grave, omissão de socorro e eventual agravante por conta da condição física da vítima.
Contexto social e jurídico
O caso reacende o debate sobre desigualdade social e segurança no trânsito, especialmente em relação a vítimas em situação de marginalização socioeconômica. O catador, cuja identidade não foi divulgada para preservar sua intimidade, exercia sua atividade em condições precárias, em horário noturno e sem os equipamentos mínimos de segurança ou sinalização.
O artigo 304 do Código de Trânsito Brasileiro estabelece que deixar de prestar socorro à vítima de acidente, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, configura crime punível com detenção de seis meses a um ano, além da suspensão ou proibição do direito de dirigir.
A Polícia Civil não descartou a requalificação do caso para tentativa de homicídio, a depender dos resultados das perícias complementares e da constatação de dolo eventual — quando o autor assume o risco de produzir o resultado fatal.
Situação da vítima
Até o momento da última atualização desta matéria, o estado de saúde do catador permanecia grave, com múltiplas fraturas. O Hugol confirmou que ele segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com quadro estável, mas ainda sem previsão de alta.
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