8 de dezembro de 2025
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Suspensão da produção de carne para os EUA impõe desafios à indústria frigorífica de Goiás

Taxação adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos força frigoríficos goianos a reavaliar contratos, redirecionar exportações e absorver custos logísticos. Estoques e cargas em trânsito preocupam setor.
EUA é o segundo principal país para onde é destinada a carne produzida em Goiás, perdendo para a China (Divulgação/Abiec)

Os frigoríficos goianos estão prestes a suspender a produção de carne destinada ao mercado norte-americano, após a decisão dos Estados Unidos de impor uma sobretaxa de 50% sobre a carne bovina brasileira, com vigência a partir de 1º de agosto. A informação foi confirmada por Leandro Stival, presidente do Sindicarne-GO (Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado de Goiás), em entrevista à rádio CBN Goiânia. A medida afeta diretamente um dos principais polos de exportação de proteína animal do Brasil e expõe o setor a um cenário de incerteza econômica e comercial.

Com 208 mil toneladas de carne bovina exportadas para os EUA entre janeiro e julho de 2025, Goiás ocupa posição de destaque entre os fornecedores brasileiros do produto. Segundo Stival, a taxação compromete a viabilidade comercial das operações, com impactos diretos nos estoques, nos contratos em andamento e nas cargas em trânsito — tanto em território nacional quanto em navios rumo aos EUA.

“Temos produtos prontos nas fábricas, mercadorias sendo transportadas dentro do Brasil e, principalmente, cargas em alto-mar com destino aos Estados Unidos. Se essa carne chegar lá sob uma tarifa 50% maior, torna-se impraticável vendê-la naquele mercado”, afirmou o presidente do Sindicarne-GO.

Redirecionamento forçado e impactos na cadeia produtiva

A imposição norte-americana obriga os frigoríficos goianos a buscar, de maneira emergencial, mercados alternativos para a carne já produzida, o que implica renegociação de contratos, alteração de rotas logísticas e custos adicionais com frete, armazenagem e adequações sanitárias específicas para outros países. Entre os destinos potenciais estão Hong Kong, Egito, Emirados Árabes Unidos e Chile, mercados que tradicionalmente absorvem parte da carne brasileira, mas com exigências distintas do padrão norte-americano.

Além do custo operacional, há uma preocupação quanto à desvalorização da mercadoria que já se encontra em trânsito, como destacou Stival:

“Com certeza vai haver perda de valor. A indústria e o setor produtivo precisam estar atentos e prontos para uma readequação rápida.”

Originação do boi e pressão sobre o mercado interno

A suspensão das exportações também deve provocar uma reação em cadeia na originação da matéria-prima, afetando diretamente os pecuaristas que fornecem gado para abate. Com o represamento da produção, os frigoríficos tendem a reduzir o ritmo de compra, o que pode pressionar os preços pagos ao produtor e gerar efeito dominó sobre a renda no campo e a estabilidade do mercado pecuário.

Stival projeta um período crítico de pelo menos 30 dias de readequação por parte das indústrias, que tentarão contornar o novo cenário por meio de estratégias comerciais internas e externas. O setor, segundo ele, aguarda uma solução diplomática ou uma revisão do posicionamento tarifário dos Estados Unidos, que até então representavam o segundo maior mercado para a carne bovina goiana, atrás apenas da China.

Cenário político e comercial

A taxação imposta pelos EUA faz parte de uma reestruturação da política tarifária do governo norte-americano em relação a produtos importados, com foco em protecionismo comercial e pressão por barreiras sanitárias mais rigorosas. A decisão ocorre em meio a tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos em temas como meio ambiente, rastreabilidade animal e uso de hormônios, ainda que o Itamaraty não tenha se manifestado oficialmente até o momento.

Enquanto isso, frigoríficos, exportadores, pecuaristas e transportadores de Goiás vivem um cenário de indefinição com potencial para comprometer parte significativa da receita do agronegócio estadual, setor que responde por cerca de 15% do PIB goiano, segundo dados do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB-GO).


Fontes consultadas:
– Sindicarne-GO
– Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)
– Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás

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Marcus

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