Colisão entre ônibus e carreta deixa ao menos 30 feridos na GO-164; uma vítima ficou presa às ferragens
Acidente na madrugada entre Faina e Cidade de Goiás mobilizou equipes do Corpo de Bombeiros e do SAMU; ônibus transportava mais passageiros do que o número de passagens emitidas oficialmente
Um grave acidente ocorrido na GO-164, na altura do trecho entre os municípios de Faina e Cidade de Goiás, deixou ao menos 30 pessoas feridas na madrugada deste domingo (13), por volta da 1h40. A colisão envolveu um ônibus intermunicipal da empresa Viação Juntos, que fazia a rota Goiânia–São Miguel do Araguaia, e uma carreta carregada com milho.
A violência do impacto mobilizou diversas equipes de resgate do SAMU e do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, incluindo agentes que atuam na Operação Férias 2025, em curso no interior do estado. Uma das vítimas, cuja identidade não foi divulgada, ficou presa às ferragens do ônibus e foi retirada com uso de ferramentas hidráulicas de desencarceramento, procedimento que exigiu trabalho técnico minucioso dos bombeiros lotados no município de Faina.
Superlotação e irregularidades operacionais
Segundo dados apurados junto à Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o ônibus transportava 38 passageiros, embora apenas 42 passagens tenham sido emitidas oficialmente. Essa inconsistência chama atenção das autoridades, que investigam se houve irregularidades operacionais ou falha de controle por parte da empresa responsável pelo transporte.
Após os procedimentos de resgate e triagem, 12 passageiros seguiram viagem em outro veículo disponibilizado pela própria Viação Juntos, enquanto os demais foram encaminhados para unidades de saúde da região, incluindo hospitais de Faina, Cidade de Goiás e Goiás Velho. Até o momento, não há registro de vítimas fatais.
“Foi uma ocorrência de alta complexidade, com múltiplas vítimas e risco elevado, dado o horário da colisão e o local, uma via com pouca iluminação e tráfego pesado de veículos de carga agrícola”, relatou um oficial do Corpo de Bombeiros envolvido na operação.
Causas do acidente ainda são apuradas
Equipes da Polícia Rodoviária Estadual permaneceram no local durante toda a madrugada e parte da manhã para controlar o tráfego e realizar a perícia inicial. As investigações preliminares buscam entender se a colisão foi provocada por falha mecânica, erro humano, excesso de velocidade ou condições precárias da via, que tem histórico de acidentes graves, especialmente em períodos de férias escolares, quando o fluxo aumenta.
A carreta, que seguia no sentido oposto ao do ônibus, teve a cabine seriamente danificada com o impacto, mas o motorista não sofreu ferimentos graves, segundo as primeiras informações.
Histórico de acidentes e alerta sobre infraestrutura
A GO-164 é uma importante ligação entre o sudoeste e o norte goiano, cortando uma região de intensa atividade agropecuária. Apesar da sua relevância logística, trechos da rodovia apresentam desgaste no asfalto, sinalização precária e ausência de acostamento em diversos pontos. Moradores e motoristas que trafegam regularmente pela via já haviam alertado autoridades sobre o risco crescente de acidentes, principalmente durante a colheita de grãos, quando o tráfego de caminhões aumenta substancialmente.
Em nota enviada à imprensa, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Passageiros e Cargas de Goiás (SITTRAP-GO) reforçou a necessidade de fiscalização mais rígida sobre empresas de transporte intermunicipal, além de exigir investimentos urgentes em infraestrutura rodoviária por parte do governo estadual.
Viação Juntos ainda não se posicionou
A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa da Viação Juntos, responsável pelo ônibus envolvido no acidente, para esclarecer os critérios de embarque, controle de passageiros e suporte às vítimas, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
A empresa, que opera em diversas rotas do interior de Goiás, já havia sido alvo de denúncias de superlotação e falhas na manutenção da frota, segundo registros consultados no site da Agência Goiana de Regulação (AGR).
Investigação e responsabilização
O caso seguirá sob investigação da Delegacia Regional da Polícia Civil em Goiás, que aguarda os laudos técnicos da perícia realizada no local e nos veículos. A depender das conclusões, o inquérito pode apontar para responsabilidade criminal ou administrativa da empresa, do motorista ou de ambos, caso fique comprovada negligência.
Enquanto isso, as vítimas seguem em observação médica, e familiares aguardam notícias do estado de saúde dos feridos. A tragédia reforça o alerta sobre os riscos das viagens rodoviárias noturnas em rotas de tráfego misto e a fragilidade do sistema de transporte público intermunicipal em regiões afastadas dos grandes centros.
Fontes consultadas: Polícia Rodoviária Estadual de Goiás, Corpo de Bombeiros Militar de Goiás
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