Golpe do Book Fotográfico Infantil: Quatro Mulheres Presas em Goiânia por Estelionato em Nome de Grandes Marcas
Grupo criminoso vindo de São Paulo aplicava fraude com promessas falsas de carreira publicitária para crianças; vítimas chegaram a pagar até R$ 12 mil por contratos fantasmas. Polícia Civil de Goiás desmantela esquema em hotel de luxo.
Quatro mulheres foram presas em flagrante no último domingo (22) por envolvimento em um esquema criminoso que se utilizava da promessa de carreiras publicitárias infantis para aplicar o chamado “golpe do book fotográfico”. A prisão foi realizada pela Polícia Civil de Goiás, por meio da Central de Flagrantes e Pronto Atendimento ao Cidadão da 1ª Delegacia Regional de Polícia, em um hotel de alto padrão na capital goiana.
Segundo a investigação, o grupo viajou de São Paulo a Goiás com o objetivo específico de executar o golpe. Utilizando-se de uma empresa de fachada, as suspeitas se apresentavam como representantes de marcas renomadas do setor de varejo, moda e até instituições bancárias, induzindo famílias a acreditarem que seus filhos haviam sido “selecionados” para campanhas publicitárias de prestígio.
Promessas falsas, contratos fraudulentos
Para conferir aparência de legalidade e atratividade ao golpe, as mulheres simulavam processos seletivos e formalizavam contratos com aparência profissional. Os valores cobrados variavam, e em pelo menos um caso documentado, uma vítima desembolsou R$ 12 mil pela suposta produção de um book e pela inserção da criança no mercado de casting publicitário.
As sessões de fotos eram, de fato, realizadas, mas o material nunca era encaminhado a agências ou veículos de publicidade. As imagens eram armazenadas nos aparelhos das suspeitas, e as famílias, após o pagamento, não recebiam retorno sobre os supostos trabalhos prometidos.
O grupo foi autuado por estelionato, associação criminosa e crime contra as relações de consumo. A investigação segue em andamento para identificar outras possíveis vítimas e conexões interestaduais.
“Não caia em promessas de sucesso instantâneo”, alerta a Polícia
Em nota oficial, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) alertou pais e responsáveis a redobrarem os cuidados com ofertas de trabalho para crianças, sobretudo quando envolvem pagamento prévio para books, cursos ou “taxas de inscrição”.
“O uso do nome de grandes marcas é uma tática comum em esquemas de estelionato. É fundamental desconfiar de propostas que exigem pagamentos antecipados e verificar com rigor a legitimidade da empresa e seus representantes”, destacou o delegado responsável pela ocorrência, sob anonimato por questões de segurança.
A Polícia ainda reforçou que o uso de empresas falsas ou de fachada para disfarçar práticas criminosas é recorrente em golpes voltados ao público infantil. Casos semelhantes já foram registrados em outros estados, como São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Fraude conhecida, mas ainda eficaz
O golpe do “book fotográfico” não é novo, mas continua a fazer vítimas em todo o Brasil. O foco no desejo de famílias de verem seus filhos em campanhas publicitárias de televisão, moda ou redes sociais torna o golpe emocionalmente eficaz — e economicamente lucrativo para os golpistas.
De acordo com especialistas em direito do consumidor, qualquer empresa séria no ramo da publicidade infantil deve seguir diretrizes legais rígidas, como exigência de autorização judicial para trabalho de menores, ausência de cobrança de valores para testes de seleção e contratos registrados em cartório.
Denúncias e orientações
A PCGO orienta que vítimas do golpe — ou de qualquer esquema semelhante — procurem imediatamente uma delegacia ou façam denúncia anônima pelo Disque 197. Também é possível registrar boletins de ocorrência por meio da Delegacia Virtual de Goiás.
Além disso, é recomendável que os pais busquem referências em agências profissionais registradas e desconfiem de promessas de sucesso imediato, especialmente quando há pressão por pagamentos ou assinaturas de contrato durante o primeiro contato.
A Polícia investiga se há outros integrantes do grupo agindo em outros estados ou se o esquema já fez outras vítimas em Goiás em datas anteriores. As quatro mulheres seguem presas e à disposição da Justiça.
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