Polícia Civil desmonta fábrica clandestina de suplementos veterinários em Goiás: produtos eram vendidos com selo falsificado do governo federal
Operação conjunta entre DECON e MAPA identifica laboratório ilegal que manipulava e vendia rações e suplementos nutricionais impróprios ao consumo animal em Goiânia. Produtos circulavam amplamente na Região Metropolitana com riscos à saúde de humanos e animais

Uma operação conjunta entre a Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (DECON), e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), resultou na descoberta e interdição de um laboratório clandestino voltado à manipulação e comércio ilegal de suplementos veterinários, nesta quarta-feira (4), em Goiânia.
O local, que se apresentava como um comércio legalizado, abrigava em seus fundos uma estrutura improvisada, mas funcional, para a produção e embalamento de rações nutricionais e suplementos falsificados. O que chamou a atenção dos investigadores foi a utilização indevida de selos de inspeção federal (SIF) — marca obrigatória e exclusiva de produtos aprovados pelo MAPA — falsamente impressos nas embalagens, numa tentativa deliberada de conferir legalidade aos produtos irregulares.
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Matheus Costa, da DECON, os produtos eram vendidos livremente em pet shops, agropecuárias e até pela internet. “Foram encontradas matérias-primas de procedência duvidosa, invólucros genéricos e maquinário utilizado para dosar e embalar os produtos, tudo operado sem qualquer controle sanitário ou autorização dos órgãos competentes”, explicou.
Produtos representavam risco grave à saúde animal e humana
Embora voltados à alimentação de animais, os suplementos apreendidos podem causar danos indiretos ao ser humano, especialmente por meio da cadeia alimentar, quando há ingestão de carne, leite ou ovos provenientes de animais contaminados com substâncias tóxicas ou inadequadas.
Segundo o auditor fiscal agropecuário do MAPA, Marcelo Junqueira, que participou da operação, alguns dos lotes apreendidos apresentavam indícios de contaminação cruzada, ausência de princípios ativos e presença de substâncias químicas não autorizadas, o que caracteriza risco sanitário iminente.
“A venda de produtos dessa natureza, sem controle de qualidade, é uma ameaça grave à segurança alimentar e à saúde pública. Além de comprometer a integridade dos animais, pode gerar resíduos perigosos em alimentos de origem animal”, advertiu Junqueira.
Operação minuciosa e investigação em curso
A operação, que teve início após denúncias de consumidores e profissionais da área veterinária, envolveu ações de inteligência, coleta de amostras e vigilância técnica, com respaldo do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários do MAPA e apoio da Vigilância Sanitária municipal.
Os responsáveis pelo laboratório clandestino foram conduzidos à sede da DECON e autuados pelos crimes de:
- Falsificação de produtos alimentícios (Art. 272 do Código Penal);
- Crime contra as relações de consumo (Art. 7º, IX, da Lei 8.137/90);
- Uso indevido de selo público federal (Art. 296 do Código Penal);
- Perigo à saúde pública (Art. 132 do Código Penal).
Todos os materiais encontrados — máquinas, embalagens, documentos, computadores e produtos prontos para venda — foram apreendidos e passam por perícia técnico-sanitária. O inquérito policial foi instaurado e tramita sob sigilo, enquanto as investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos, incluindo revendedores e distribuidores na Grande Goiânia.
Venda era ampla e sem controle
Segundo fontes internas da investigação, os produtos estavam presentes em estabelecimentos comerciais de pelo menos oito cidades da Região Metropolitana, incluindo Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Trindade e Goianira. Em plataformas digitais, os suplementos eram oferecidos com descrições enganosas, promessa de ganho de peso rápido em animais e valores muito abaixo do mercado.
A DECON alerta que compradores e revendedores desses produtos também podem ser responsabilizados, sobretudo se houver comprovação de dolo ou negligência ao comercializar produtos sem procedência fiscal e sanitária regular.
Denúncias podem ser feitas de forma anônima
📞 Disque-Denúncia DECON: (62) 3201-2699
📧 E-mail: decon@policiacivil.go.gov.br
🌐 Site da Ouvidoria-Geral do Estado: www.ouvidoria.go.gov.br
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