Celular explode nas mãos de técnico durante manutenção em Uruaçu (GO)
Incidente com bateria de lítio expõe riscos do mau uso e reforça necessidade de cuidados em assistências técnicas.
Uma explosão repentina dentro de uma assistência técnica de celulares quase terminou em tragédia na última quarta-feira (4), no centro de Uruaçu, norte de Goiás. Um técnico de 33 anos, identificado como Henrique Éder, foi surpreendido por uma labareda intensa que saiu do interior de um aparelho no momento em que ele tentava abrir o dispositivo.
O vídeo da câmera de segurança do local mostra o momento em que o celular explode nas mãos do técnico e emite uma chama que atinge seu rosto. Em segundos, ele larga o aparelho e recua. O dono da loja, Fabiano Pires, de 40 anos, aparece nas imagens e rapidamente chuta o celular em chamas para fora do estabelecimento, impedindo que o fogo se alastrasse. Apesar da gravidade da situação, Henrique não sofreu ferimentos graves.
Segundo Fabiano, o aparelho havia sido levado até a loja por um cliente que relatou que a bateria estava visivelmente inchada — um dos principais sinais de comprometimento estrutural de baterias de íon-lítio.
“Quando a bateria incha, ela fica muito frágil e instável. Foi ao tentar abri-la para a troca que ela explodiu”, relatou o comerciante, que atua no ramo há mais de uma década.
O celular ficou completamente destruído pelas chamas. O cliente foi informado, recebeu a foto do equipamento carbonizado, mas até o momento não voltou para buscá-lo.
Risco recorrente em assistência técnica
O caso assustou quem presenciou, mas não surpreendeu os donos da loja. Fabiano revela que esse foi o terceiro incidente envolvendo baterias danificadas em sua assistência técnica. Em um dos casos anteriores, houve apenas liberação de fumaça; no outro, houve princípio de incêndio semelhante ao registrado agora.
O Corpo de Bombeiros não precisou ser acionado nesta última ocorrência, pois o fogo se extinguiu após o consumo total da substância inflamável da bateria. Nenhum boletim de ocorrência foi registrado.
Por que as baterias de celular explodem?
As baterias de íon-lítio — padrão em smartphones modernos — são compostas por materiais altamente inflamáveis. Quando sofrem danos físicos ou superaquecimento, podem entrar em combustão instantaneamente. Entre as principais causas de inchaço e degradação das baterias, especialistas listam:
- Uso do aparelho durante o carregamento
- Exposição prolongada ao calor ou ao sol
- Quedas que danificam a integridade da célula da bateria
- Utilização de carregadores falsificados ou de baixa qualidade
Segundo o engenheiro eletrônico Vinícius Costa, pesquisador da área de segurança de baterias do Instituto Federal de Goiás (IFG), o risco é real:
“Quando a estrutura interna da bateria é comprometida, seja por impacto ou sobrecarga, ela pode gerar gases que expandem o invólucro. Se essa pressão não for liberada de forma controlada, o resultado pode ser explosivo.”
Cuidados e prevenção: o que o usuário deve saber
- Ao identificar uma bateria inchada, suspenda o uso imediatamente.
- Não tente abrir ou perfurar o aparelho.
- Evite expor o celular ao calor excessivo (como no painel do carro ao sol).
- Nunca carregue o aparelho sobre colchões, sofás ou cobertores.
- Procure apenas assistências técnicas certificadas para trocas de bateria.
O que fazer em caso de explosão?
Em caso de incêndio por bateria de lítio:
- Não utilize água.
- Afaste-se e, se possível, desligue a energia elétrica do ambiente.
- Use um extintor classe D (metais combustíveis) ou, na ausência, classe ABC.
- Se o fogo estiver sob controle, mantenha o local ventilado e aguarde o resfriamento.
- Se houver fumaça tóxica, evacue o local.
Crescimento dos casos preocupa especialistas
Explosões de baterias têm sido cada vez mais registradas no Brasil e no mundo. Em março deste ano, um celular causou incêndio em uma residência no Rio de Janeiro após ser deixado carregando em cima da cama. Em 2023, a Anatel divulgou um alerta sobre o aumento das ocorrências causadas por acessórios irregulares e baterias de procedência duvidosa.
“A combinação entre falta de informação, improvisos na manutenção e peças falsificadas forma uma bomba-relógio”, alerta o professor Vinícius Costa.
Apesar do susto em Uruaçu, o episódio termina com alívio — e um importante alerta para técnicos e usuários. O pequeno dispositivo que carregamos no bolso pode, se negligenciado, se tornar uma ameaça. A tecnologia exige não apenas inovação, mas também responsabilidade.
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