5 de dezembro de 2025
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Funcionários de frigorífico são presos por furto de pedras de fel: produto raro pode valer mais que ouro em mercados asiáticos

Polícia flagra esquema interno em frigorífico de Cachoeira Alta; pedras de fel bovino, usadas na medicina tradicional oriental, foram encontradas na casa de um dos suspeitos e podem chegar a preços exorbitantes no mercado internacional.
Na casa de um dos suspeitos, a polícia apreendeu 12,6 gramas de pedra de fel (Divulgação/Polícia Civil)

Dois funcionários de um frigorífico localizado em Cachoeira Alta, no sudoeste de Goiás, foram presos na última sexta-feira (16), suspeitos de integrar um esquema de furto de pedras de fel bovino — um dos produtos mais caros e procurados do mercado clandestino internacional. A prisão em flagrante revelou não apenas um crime interno, mas também uma potencial ligação com o tráfico ilegal de substâncias utilizadas na medicina tradicional asiática.

Segundo a Polícia Civil, Miguel Angel Gutierrez Gauto, de 34 anos, foi flagrado por câmeras de segurança durante o turno de trabalho. As imagens mostraram o momento em que ele esconde uma pedra de fel caída no chão e, em seguida, tenta destruí-la ao perceber a aproximação de um supervisor. A tentativa de eliminação do material foi frustrada: embora uma das pedras tenha sido jogada em água fervente para dissolução, uma busca em sua residência localizou três pedras intactas, totalizando 12,6 gramas.

A grama do produto pode custar entre R$ 12 e R$ 300 no Brasil, dependendo da qualidade, segundo apuração da Polícia Civil. Isso equivale a um valor de mercado interno que varia de R$ 144 a R$ 3.600 apenas com o material encontrado.

Mas é no mercado internacional, especialmente na China e em países do Sudeste Asiático, que o valor atinge cifras ainda mais elevadas. Estimativas indicam que o grama da pedra de fel bovino pode ser vendido por até US$ 65 (cerca de R$ 340) — o que colocaria o lote apreendido em Goiás na casa dos R$ 4.200, ou mais, quando exportado ilegalmente.

A delegada responsável pela investigação, Ana Francielle Batista de Jesus, revelou que Miguel não agiu sozinho. Em depoimento, ele apontou Reinaldo Avelino dos Santos, de 33 anos, como cúmplice e responsável por intermediar contato com um suposto comprador, que seria parente próximo. Ambos podem responder por furto duplamente qualificado, cuja pena pode ultrapassar os oito anos de prisão, conforme previsto no Código Penal.

Enquanto Miguel permaneceu detido, Reinaldo foi liberado após audiência de custódia e responderá ao processo em liberdade. Seu advogado, Rhoan Rodrigues, afirmou que o cliente “demonstrará sua inocência no decorrer da instrução criminal”.

Já a Defensoria Pública do Estado de Goiás, que representa Miguel, preferiu não comentar o caso neste momento, alegando sigilo de defesa.

Um mercado sigiloso e lucrativo

As pedras de fel — ou cálculos biliares bovinos — são retiradas durante o abate de animais e altamente valorizadas por suas supostas propriedades medicinais, sobretudo na medicina tradicional chinesa. Utilizadas há séculos como base para medicamentos naturais, as substâncias são associadas ao tratamento de problemas hepáticos, febres e intoxicações, apesar da falta de comprovação científica robusta para tais usos.

Embora o comércio de pedras de fel não seja explicitamente proibido, o desvio não autorizado do produto em frigoríficos é crime. Segundo especialistas da área de exportações agropecuárias, o alto valor de mercado tem estimulado o surgimento de quadrilhas especializadas nesse tipo de furto, atuando de forma silenciosa e estruturada dentro de empresas do setor.

Fontes ligadas ao Ministério da Agricultura relataram à reportagem que o caso em Goiás não é isolado. “Há sinais de que a demanda externa por pedras de fel tem movimentado um mercado paralelo no Brasil”, disse um auditor agropecuário, sob anonimato.

A investigação da Polícia Civil prossegue. As autoridades agora apuram se há outros envolvidos no frigorífico ou na região, e investigam a possível existência de um esquema de contrabando para fora do país.

Enquanto isso, o episódio acende um alerta para o setor: o crime não é apenas interno, mas transnacional — e silencioso.

Nota da defesa de Reinaldo

A defesa de Reinaldo Avelino dos Santos informa que, em decisão judicial proferida em 17/05/2025, foi concedida a liberdade provisória ao Sr. Reinaldo, sem a imposição de fiança. Essa decisão diverge do parecer do Ministério Público, que havia solicitado a decretação da prisão preventiva.

A defesa esclarece que o processo seguirá seu curso normal, e durante a instrução processual, será demonstrada a inocência do Sr. Reinaldo Avelino dos Santos, em face da ausência de provas de autoria e materialidade. A defesa confia no Poder Judiciário e reitera seu compromisso em demonstrar a verdade dos fatos, assegurando que a Justiça seja feita.

Rhoan Rodrigues Vilarinho – OAB/GO nº 64.399

Nota da DPE-GO

A Defensoria Pública do Estado de Goiás informa que representou o investigado durante a audiência de custódia, cumprindo seu dever legal e constitucional de garantir a defesa de pessoas que não tenham condições de pagar por um profissional particular, e está tomando as medidas cabíveis para o momento, mas não comentará o caso.

A partir disso, por se tratar de comarca onde a DPE-GO não está instalada de forma permanente, ocorre sua desabilitação no processo. Assim, será oportunizado prazo para o acusado constituir sua defesa ou para que haja nomeação pelo juízo.

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Marcus

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