Embriaguez e impunidade: médico atropela adolescente em Catalão e tenta fugir com a moto presa ao carro
Jovem de 16 anos sofre traumatismo craniano gravíssimo e luta pela vida em UTI. Caso revolta moradores, que detiveram o motorista embriagado em fuga. Família pede justiça.
A cidade de Catalão, no sudeste goiano, amanheceu em choque nesta sexta-feira (16) após a confirmação do grave estado de saúde do adolescente Samuel Lopes Ferreira Rosa, de apenas 16 anos, vítima de um atropelamento brutal provocado por um médico de 57 anos, que conduzia um veículo em visível estado de embriaguez.
O acidente ocorreu por volta das 20h30 da quinta-feira (15), no centro da cidade. Samuel pilotava sua motoneta quando foi atingido violentamente. Segundo testemunhas, o impacto foi tão forte que a moto da vítima ficou presa ao para-choque dianteiro do carro, e o motorista ainda tentou fugir sem prestar socorro, dirigindo por alguns quarteirões com o veículo da vítima arrastado à frente.
A tentativa de fuga, no entanto, foi interrompida por populares revoltados, que cercaram o carro e detiveram o motorista até a chegada da Polícia Militar. Vídeos do momento circulam nas redes sociais e alimentaram uma onda de indignação na cidade.
Estado de saúde é crítico
Samuel foi socorrido de forma emergencial por equipes do SAMU e Corpo de Bombeiros, inicialmente levado para a Santa Casa de Catalão, e, diante da gravidade, transferido para o hospital municipal de Itumbiara, onde está internado na UTI.
Segundo boletim médico, o adolescente sofreu um traumatismo craniano severo, com uma rachadura que vai do topo da cabeça até a base da nuca, além de edemas cerebrais e coágulos. Apesar das lesões menores em outras partes do corpo, o quadro neurológico é considerado extremamente grave.
A mãe do jovem, Roberta Ferreira Rosa, acompanhando o filho em tempo integral, fez um apelo emocionado:
“O que pedimos neste momento é oração e justiça. Ele é um menino bom, cheio de sonhos. A cabeça foi muito atingida. Os médicos estão sendo rápidos e humanos, mas o estado dele ainda é muito delicado.”
Condutor embriagado se recusou a fazer o bafômetro
Segundo relato da Polícia Militar, o motorista, identificado como médico com atuação na região, apresentava sinais nítidos de embriaguez, como olhos avermelhados, odor etílico, fala arrastada e desequilíbrio. Ainda assim, se recusou a fazer o teste do bafômetro.
Foi lavrado um termo de constatação de embriaguez e ele foi preso em flagrante. A autoridade policial confirmou que o condutor responderá por lesão corporal culposa de natureza grave, omissão de socorro e direção sob influência de álcool – crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro e passíveis de penas de reclusão, além de suspensão da carteira de habilitação.
Cidade mobilizada por justiça
A repercussão do caso em Catalão foi imediata. Populares organizaram uma vigília na Praça Getúlio Vargas e correntes de oração nas redes sociais pedem a recuperação de Samuel. Ao mesmo tempo, cresce a pressão por uma responsabilização exemplar do motorista.
A Polícia Civil de Goiás abriu inquérito para aprofundar as investigações, e não está descartada a reclassificação do crime para tentativa de homicídio doloso, dependendo da evolução do estado de saúde do jovem e da análise da conduta do motorista — especialmente pela tentativa de fuga e a omissão no socorro à vítima.
O Ministério Público também foi acionado e pode oferecer denúncia com base em agravantes previstos na legislação penal e no Código de Trânsito, que em 2021 foi endurecido em relação aos crimes praticados sob efeito de álcool.
Reflexo de uma epidemia silenciosa
Casos como o de Samuel escancaram um problema crônico no Brasil: a banalização da embriaguez ao volante, muitas vezes acobertada por privilégios profissionais ou omissões do sistema judicial. Dados do Ministério da Saúde apontam que ao menos 6 mil pessoas morrem por ano vítimas de motoristas alcoolizados no país.
Em Goiás, somente em 2024, mais de 8 mil motoristas foram autuados por dirigir sob efeito de álcool, segundo levantamento do Detran-GO. A combinação entre impunidade e imprudência continua ceifando vidas – principalmente de jovens.
Final aberto e alerta à sociedade
O caso de Samuel ainda está em aberto. A cidade acompanha, apreensiva, o seu estado de saúde, enquanto exige justiça contra quem o feriu. A história do adolescente, vítima de uma tragédia anunciada, transforma-se agora em símbolo de luta por um trânsito mais humano e responsável.
Se você testemunhar direção perigosa ou embriaguez ao volante, denuncie. Ligue 190 ou 181 (Disque Denúncia).
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