Operação Tela Azul: Polícia Civil desmantela esquema de desvio e receptação de equipamentos do TJGO
Servidor terceirizado é apontado como autor do furto de itens de informática do Centro de Distribuição do Tribunal de Justiça de Goiás. Parte dos materiais foi encontrada à venda em loja especializada de Goiânia. Apreensões somam centenas de equipamentos.
Em uma operação que escancarou a fragilidade no controle de bens públicos, a Polícia Civil de Goiás (PCGO), por meio da 1ª Delegacia de Polícia de Aparecida de Goiânia – 2ª DRP, com apoio estratégico da Divisão de Inteligência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), deflagrou na quarta-feira (14) a Operação Tela Azul, desarticulando um esquema de desvio e receptação de equipamentos de informática pertencentes ao Poder Judiciário.
O nome da operação, uma alusão à icônica “tela azul” de erro do Windows, sintetiza bem a gravidade do caso: uma falha interna que comprometeu o patrimônio público e revelou o envolvimento de agentes com acesso privilegiado aos depósitos do Tribunal. A ofensiva policial teve como base a denúncia do próprio TJGO, que identificou desfalques recorrentes no estoque de seu Centro de Distribuição, localizado em Aparecida de Goiânia.
Servidor terceirizado confessou furto em série
Segundo a Polícia Civil, as investigações iniciais indicaram que um servidor terceirizado, designado para atividades logísticas no local, se aproveitava do acesso irrestrito ao almoxarifado para subtrair componentes eletrônicos e sair sem qualquer registro formal.
Na casa do investigado, alvo de mandado de busca e apreensão, os policiais localizaram diversos itens de informática e etiquetas patrimoniais com a numeração original do TJGO, confirmando a origem ilícita do material.
Durante o interrogatório, o suspeito confessou os crimes, detalhando que repassava os objetos a um comerciante da área de informática, com loja física no Setor Sudoeste, em Goiânia.
Loja era ponto de revenda de bens públicos
Após a confissão, os agentes da 1ª DP dirigiram-se ao estabelecimento indicado, onde foi constatado o receptivo irregular de dezenas de equipamentos pertencentes ao acervo do TJGO, já integrados ao inventário comercial da loja.
Com a materialidade do crime em mãos, a autoridade policial determinou a prisão do comerciante, que foi indiciado por receptação qualificada, crime previsto no artigo 180, parágrafo 1º, do Código Penal Brasileiro, com pena que pode chegar a oito anos de reclusão.
Equipamentos apreendidos
Ao todo, a Operação Tela Azul resultou na apreensão de:
- 275 unidades de memória RAM
- 33 HDs externos
- 14 processadores
- 5 fontes de energia
- 5 computadores completos
- 2 aparelhos celulares
O valor de mercado dos itens, somado, pode ultrapassar R$ 200 mil, considerando-se o custo unitário médio de equipamentos novos e semi-novos da mesma categoria. A PCGO ainda trabalha na catalogação dos itens para devolução ao Tribunal de Justiça e identificação de possíveis receptadores secundários.
TJGO e Polícia reforçam combate à corrupção institucional
Em nota oficial, o TJGO afirmou que reforçará os mecanismos de controle e rastreamento patrimonial, além de ampliar as auditorias nos centros de distribuição e setores de informática. O órgão também reiterou que “não compactua com qualquer tipo de desvio de conduta e que colaborará integralmente com as autoridades policiais para responsabilização dos envolvidos”.
A Operação Tela Azul é mais um exemplo da ação coordenada entre Poder Judiciário e Polícia Civil, cujo foco é proteger o erário e garantir a integridade administrativa das instituições públicas.
As investigações continuam e outros envolvidos podem ser responsabilizados nos próximos dias, inclusive por crimes como peculato, receptação em continuidade delitiva e associação criminosa, a depender do desdobramento das provas periciais e testemunhais.
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