22 de dezembro de 2024
NotíciasPolíticaSaúdeÚltimas

Crise no abastecimento de veículos expõe fragilidade da gestão na Prefeitura de Goiânia

Serviços essenciais como Samu e Seinfra enfrentam paralisação iminente; falta de repasses e problemas contratuais com a Dataplex agravam situação.
Samu, que já tem ambulâncias paradas por falta de combustível, enfrenta ameaça de desabastecimento total (Wesley Costa / O Popular)

A Prefeitura de Goiânia enfrenta uma crise administrativa que ameaça paralisar serviços essenciais. Veículos de quatro secretarias municipais — Saúde (SMS), Infraestrutura Urbana (Seinfra), Educação (SME) e Administração (Semad) — estão sem abastecimento de combustível, afetando atividades vitais como o funcionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e operações de infraestrutura.

O problema decorre de atrasos e supostos superfaturamentos na execução do contrato com a empresa Dataplex Tecnologia e Gestão, responsável pela gestão do abastecimento. A situação revela fragilidades na gestão conduzida pelo ex-secretário de Administração, Valdery Júnior, e na supervisão do contrato pela Semad.


Serviços à beira da interrupção

A crise afeta diretamente a operação de 22 ambulâncias do Samu, que já está com veículos parados. Técnicos estimam que, em 36 horas, o serviço poderá ser totalmente interrompido. A presidente do Sindsaúde, Néia Vieira, alerta para a gravidade:

“Nunca vi uma situação tão escandalosa na Saúde de Goiânia. Estamos à beira de um colapso.”

Além do Samu, serviços de infraestrutura como tapa-buracos e obras emergenciais também estão comprometidos. A Seinfra informou que está operando com os estoques restantes de Diesel S10, que devem durar até o fim da semana.


Contrato de R$ 29,3 milhões sob suspeita

A Dataplex, contratada em julho de 2023 por R$ 29,3 milhões, enfrenta acusações de superfaturamento e descumprimento contratual. Segundo a Semad, a empresa apresentou notas fiscais com valores acima do permitido, o que levou à abertura de um Processo de Apuração de Responsabilidade de Fornecedor (PARF).

A pasta alega que os pagamentos estão sendo feitos regularmente, inclusive com a antecipação do repasse deste mês. Entretanto, a Dataplex teria deixado de repassar os valores aos postos de combustíveis, gerando a interrupção do abastecimento.


Impacto na Saúde e na Educação

Na Saúde, além da crise no abastecimento do Samu, o déficit de técnicos de enfermagem agrava o problema. A SMS anunciou a nomeação de novos profissionais no Diário Oficial do Município, mas a publicação ainda não foi realizada até o fechamento desta matéria.

Na Educação, a SME informou que, até o momento, não registrou problemas no transporte de estudantes, mas teme impacto caso a situação persista.


Gestão questionada

A crise reacende críticas à gestão da Semad, comandada até recentemente por Valdery Júnior. O contrato com a Dataplex já era alvo de desconfiança devido à complexidade da execução e ao histórico de atrasos em outras administrações públicas.

A falta de planejamento estratégico também é evidente. Mesmo com cláusulas que preveem multas e juros em caso de atrasos nos repasses, a execução do contrato não foi monitorada adequadamente, segundo especialistas ouvidos pela reportagem.


Próximos passos e apuração de responsabilidades

O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, ainda não se manifestou publicamente sobre a crise. A oposição na Câmara Municipal pediu a abertura de uma comissão para investigar o contrato com a Dataplex e a gestão da Semad.

A Semad afirma que está buscando alternativas para regularizar o abastecimento e evitar a interrupção dos serviços. No entanto, a solução depende de uma resposta da Dataplex, que não retornou os contatos da reportagem.

“Essa situação expõe a fragilidade administrativa da prefeitura, colocando em risco a população que depende dos serviços essenciais. É urgente que se tome medidas enérgicas para responsabilizar os envolvidos e garantir a continuidade dos serviços”, declarou um especialista em gestão pública consultado pela reportagem.

Com o desgaste da gestão e a saída de secretários estratégicos como Cynara Mathias (SMS), o futuro da administração municipal segue incerto, com a expectativa de que o novo prefeito eleito, Sandro Mabel, tome medidas para sanar as lacunas deixadas pela atual administração.

Acompanhe as atualizações deste caso.

Tags: #Goiânia #CriseAdministrativa #Saúde #Infraestrutura #GestãoPública