18 de outubro de 2024
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Anvisa proíbe manipulação e uso de “chips da beleza” após alerta de riscos à saúde

Medida visa proteger a saúde pública após aumento de casos de complicações graves relacionadas aos implantes hormonais manipulados
Medida preventiva se aplica a todas as farmácias de manipulação. Produtos também são conhecidos como “chips da beleza”.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicará nesta sexta-feira (18/10), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), uma Resolução (RE) determinando a suspensão imediata da manipulação, comercialização, propaganda e uso de implantes hormonais manipulados, popularmente conhecidos como “chips da beleza”. A decisão vem após denúncias de entidades médicas, incluindo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), que alertaram sobre os riscos à saúde associados ao uso desses produtos, feitos em farmácias de manipulação.

Riscos e denúncias

Os implantes hormonais manipulados, frequentemente compostos por substâncias como gestrinona, testosterona e oxandrolona, têm sido promovidos amplamente para fins estéticos, prometendo aumento de massa muscular, redução de gordura e mais disposição. No entanto, esses produtos não possuem avaliação de segurança pela Anvisa para esse tipo de uso, o que tem levado a um aumento de complicações em pacientes, como dislipidemia (elevação de colesterol), hipertensão, infarto, AVC, além de efeitos estéticos como hirsutismo (excesso de pelos), acne severa e mudanças permanentes na voz.

“A falta de controle sobre a dosagem hormonal e os efeitos imprevisíveis tornam esses produtos um risco grave para a saúde das mulheres”, alerta a Dra. Maria Celeste Wender, presidente da FEBRASGO. Segundo a entidade, os casos de complicações têm crescido significativamente, com inúmeros relatos de pacientes enfrentando problemas sérios após o uso dos implantes.

Base legal e fiscalização

A medida da Anvisa se baseia na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 67/2007, que estabelece as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias, e na Lei 6.360/1976, que prevê a suspensão de produtos suspeitos de causar danos à saúde. De acordo com a legislação, apenas medicamentos com avaliação comprovada de segurança e eficácia podem ser manipulados e comercializados.

A fiscalização sobre farmácias de manipulação já vem sendo intensificada desde 2021, quando a Anvisa proibiu a propaganda da gestrinona, substância presente em muitos desses implantes. A Agência também realizou inspeções em farmácias em 2022, identificando irregularidades em 11 dos 18 estabelecimentos fiscalizados.

Impacto da decisão

O anúncio da suspensão é visto como uma vitória para entidades médicas que há anos lutam contra a comercialização indiscriminada desses produtos. “A proibição era urgente e fundamental para evitar mais danos à saúde pública”, enfatiza Dra. Wender. A FEBRASGO e outras sociedades médicas, como a Associação Médica Brasileira (AMB), participaram ativamente da campanha que resultou na Resolução.

Além dos riscos imediatos, os implantes hormonais manipulados podem causar danos permanentes. Alterações na voz, aumento do clitóris, infertilidade e até mesmo infarto são algumas das consequências relatadas por pacientes. A Anvisa alerta que qualquer paciente que tenha utilizado esses produtos deve procurar orientação médica imediatamente e reportar reações adversas pelo portal de notificações da Agência.

Campanha e conscientização

A campanha #AprovaAnvisa, lançada por mais de 30 sociedades médicas, também foi essencial para chamar a atenção sobre os perigos dos implantes hormonais não registrados. A iniciativa trouxe à tona casos de pacientes prejudicados e pressionou por ações mais rigorosas na regulamentação desses produtos.

Resumo dos principais efeitos colaterais associados aos implantes hormonais manipulados:

  • Queda de cabelo
  • Alteração permanente da voz
  • Acne severa
  • Excesso de pelos no corpo
  • Ganho de peso
  • Infarto agudo do miocárdio
  • Complicações hepáticas e renais
  • Tromboembolismo e AVC

Com a nova resolução, espera-se que o uso desses implantes caia drasticamente, proporcionando maior segurança para os pacientes que buscam tratamentos hormonais.

Fontes:

  • Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
  • Associação Médica Brasileira (AMB)