Mulher de 31 anos é assassinada pelo ex-namorado em Piracanjuba após relatar violência doméstica nas redes sociais
Ariane Martins Duarte já havia denunciado agressões e pedido medidas protetivas; crime ocorreu em plena rua e chocou a comunidade. Polícia intensifica buscas pelo suspeito.
A tragédia que abalou Piracanjuba, no sul de Goiás, nesta quinta-feira (12), é um doloroso lembrete da crescente violência contra a mulher no Brasil. Ariane Martins Duarte, de 31 anos, foi brutalmente assassinada a facadas pelo ex-namorado, que não aceitava o fim do relacionamento de seis anos. O crime, que aconteceu em plena rua e foi presenciado por vizinhos, ocorreu dias após Ariane compartilhar em suas redes sociais relatos sobre agressões anteriores sofridas durante o relacionamento.
Em um vídeo divulgado antes do crime, Ariane revelou seu sofrimento como vítima de violência doméstica. “Infelizmente, eu participo dessa trend, porque quando um homem levantou a mão para mim e me agrediu, eu fiquei no canto com medo e chorando. Pior dor do mundo”, desabafou ela em um post nas redes sociais. Esse relato, que agora ganha contornos ainda mais trágicos, mostra como a jovem já buscava se proteger da violência que vivia.
Medidas protetivas já estavam em vigor
Segundo informações da Polícia Civil, Ariane havia solicitado medidas protetivas na semana anterior ao crime, que já estavam em vigor. O delegado responsável pelo caso, Leylton Barros, afirmou que essas medidas, no entanto, não foram suficientes para evitar a tragédia. “Ela foi atendida e não tinha intenção de prejudicá-lo, apenas queria se proteger. Nossa equipe está mobilizada para localizar o suspeito, que fugiu logo após o crime”, destacou o delegado.
A Polícia Militar também está envolvida nas buscas pelo ex-namorado, que até a última atualização desta reportagem, permanecia foragido. O nome do suspeito não foi divulgado pelas autoridades.
Motivação do crime: não aceitação do fim do relacionamento
De acordo com as investigações iniciais, o rompimento do relacionamento foi o estopim para o assassinato. O ex-namorado de Ariane não aceitava o fim do namoro e, segundo relatos de amigos e familiares, já havia feito diversas ameaças à jovem. A violência contra Ariane, contudo, não era recente. Em seus posts nas redes sociais, a jovem relatou episódios anteriores de abuso físico e psicológico, revelando o medo e o sofrimento que vivia.
Ariane era mãe de um menino e estava cursando o primeiro ano do curso técnico em enfermagem. Nas redes sociais, ela se apresentava como uma mulher forte, apaixonada por animais e pescaria, e frequentemente compartilhava mensagens motivacionais. Sua morte prematura deixa uma comunidade consternada e reforça a necessidade de ações mais eficazes para proteger mulheres vítimas de violência.
O impacto da violência doméstica e feminicídio
O caso de Ariane não é isolado. Dados mostram que, no Brasil, a cada hora, uma mulher é vítima de violência doméstica, e muitas delas acabam assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros. O feminicídio – assassinato de uma mulher em razão de seu gênero – é a expressão máxima dessa violência. Apesar das medidas protetivas e campanhas de conscientização, o número de casos continua alarmante.
Organizações que atuam no combate à violência contra a mulher defendem que, além da punição rigorosa aos agressores, é necessário investir em políticas públicas de prevenção e suporte psicológico e social para as vítimas. A criação de redes de apoio, como abrigos para mulheres em risco e programas de reabilitação para agressores, também é vista como uma medida essencial para reduzir esses crimes.
Apelo por justiça
A morte de Ariane Martins Duarte levanta um clamor por justiça. Amigos, familiares e a comunidade de Piracanjuba estão mobilizados, aguardando que o responsável pelo crime seja localizado e punido. O caso acende, mais uma vez, o debate sobre a eficácia das medidas protetivas e a necessidade de uma resposta mais rápida e eficaz das autoridades diante de ameaças e agressões denunciadas.
Para muitas mulheres, a história de Ariane é um espelho de sua própria realidade. Embora tenha buscado proteção, ela, como tantas outras, não conseguiu escapar da violência de um homem que acreditava ter controle sobre sua vida. Agora, cabe à sociedade e às autoridades agir para que novas vítimas não sigam o mesmo destino.
O assassinato de Ariane Martins Duarte, uma jovem mãe e estudante, é um lembrete trágico da vulnerabilidade de mulheres vítimas de violência doméstica. O sistema de proteção e as medidas protetivas falharam em garantir sua segurança, e sua morte é mais uma no crescente número de feminicídios no Brasil. É urgente que o combate à violência de gênero seja fortalecido, e que medidas mais eficazes sejam tomadas para proteger aquelas que corajosamente se levantam contra seus agressores.